Antes de falar em investir e das melhores aplicações do momento, temos que falar de um assunto muito sério e que nos afeta a quase todos em diferentes níveis: A inadimplência e o endividamento. Vamos primeiro olhar para estes dados do SPC Brasil e entender o perfil dos endividadados brasileiros (agosto/2013):

O indicador ampliado do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) detalha como se comporta a inadimplência no comércio brasileiro, segundo os critérios gênero, idade e valor das dívidas em atraso. O resultado do balanço no mês de agosto revela uma concentração de consumidores inadimplentes do sexo feminino, com idade entre 30 e 39 anos, cujas dívidas ultrapassam a quantia de R$ 500.
Seguindo a tendência apontada desde o começo deste ano, foi novamente detectado um ligeiro equilíbrio entre consumidores dos gêneros feminino e masculino. As mulheres representam 54% da parcela de inadimplentes, enquanto que os homens, 46%. Os economistas do SPC Brasil explicam que os dados não podem ser considerados “taxativos”, uma vez que a diferença entre os dois gêneros não é muito expressiva. “Além disso, segundo nosso banco de dados, as mulheres também são as que mais consomem [vendas: 58,76% (mulheres) 41,24% (homens)]. Dessa forma, é natural que sejam ligeiramente mais inadimplentes”, afirma o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges.
Idade:
O levantamento também revela que a maior parte dos cadastros negativos concentra-se em CPFs de consumidores com idade entre 30 e 39 anos (25,8%). “São pessoas inseridas em um perfil comumente atribuído a chefes de família, que arcam mensalmente com compromissos frequentes e pesados como aluguel, água, luz, telefone e mensalidade escolar. Esse fato, aliado à falta de planejamento financeiro ou à imprevistos, pode acarretar no atraso de parcelamentos”, explica o especialista Flávio Borges.
Valor da dívida
Em agosto, 50,78% dos consumidores inadimplentes possuíam dívidas com valores acima de R$ 500. Em julho o percentual era ligeiramente menor, atingindo 48,97% dos casos, mas o suficiente para ser a maior parte dos casos. Para Borges, este resultado é uma tendência que se mantém desde o início do ano e reflete as compras de bens duráveis com maior valor agregado e que na maioria das vezes, são parcelados entre 12 e até 48 meses.
Geralmente a população brasileira
entra na ciranda financeira, já a partir de quando jovem e um primeiro emprego, quando começa a usar o limite do cheque
especial da conta, normalmente aberta para receber seu salário. E entende-lo erradamente como salário.
O mau uso das facilidades de
crédito que nos colocam à disposição, tais como o cheque especial, o cartão de
crédito e débito e empréstimos de todas os formatos, inclusive os chamados
consignados, poderão gerar problemas que tendem
a se agravar ou mesmo levar a uma situação insolúvel com o tempo, caso não sejam perfeitamente entendidos seu uso e custos.
Uma pessoa com “analfabetismo
financeiro”, o que é extremamente comum na nossa população, vai considerar que
estas facilidades postas à sua disposição, são parte efetiva do seu salário e/ou
rendimentos, o que poderá causar um
grande estrago futuro em forma de “bola de neve” impagável, dependendo da
situação. A tendência é o total descontrole entre seus gastos, limites e
capacidade de pagamento.
O mais comum dos problemas que
ocorrem, é o que chamamos usualmente de “rolamento
da divida”, na hora em que acertamos apenas a fatura mínima do cartão ou pequena parte
do cheque especial utilizado. Estes custos entrarão em regime de juros compostos e à
medida que os prazos se alonguem, a divida torna-se exponencial.. E lembrando que os juros cobrados destes
meios são absurdamente altos, a tendência é ficar com dividas, muitas vezes
superiores ao próprio patrimônio do devedor. E este fato independe de classe, raça ou cor.
Outra questão de endividamento se
refere à compra de um automóvel ou outros bens de consumo duráveis. Geralmente
quando compramos um bem deste tipo, pensamos somente nos custos de aquisição
que são geralmente financiados pelos bancos e montadoras em grande parte. E
dependendo do prazo, os juros embutidos nas prestações, chegam a representar o
dobro do custo inicial.
Além deste fato, um automóvel vai gerar, adicionalmente aos
custos de um financiamento, diversos custos agregados como o IPVA, seguros,
licenciamento anual, combustível, estacionamento, manutenção, pedágios dentre
outros. Já foi mostrado em estudos, que a cada três anos, um novo carro de
igual valor é gasto somente com estas
despesas. E quando chega a hora de pagar tudo , não houve o devido
provisionamento destas despesas. E mais dívidas aparecerão que não serão
saldadas;
Similarmente, a compra de um imóvel
financiado, gera os custos do próprio financiamento, reajustados anualmente
pela inflação, além de custos agregados como o IPTU, seguros, manutenção e condomínio.
Além das chamadas taxas extras, muito comum quando condominios,.
Quando você cair em uma ou várias
das situações descritas que fuja do seu controle, é preciso o quanto antes se organizar e tomar atitudes
que estanquem a situação. As providências mais recomendadas e necessárias para quebrar este ciclo serão :
1) Reúna
sua família, inclusive filhos, de forma a todos se conscientizarem da real
situação e ajudarem no processo. È muito comum alguns membros da família esconderem
seus problemas financeiros dos pares, e quando estoura, já será tarde;
2) Caso
não esteja ainda negativado no SPC/Serasa ( que por um certo ângulo não é todo ruim),
sustar imediatamente o uso do cartão de crédito, do cheque especial e diminuir ao máximo suas despesas ( inclusive
as pequenas e refeições externas). Parar
imediatamente o consumo e compra de bens adicionais não essenciais, de forma a estancar
o ciclo dos juros sobre juros da dívida;
3) Enxugamento
de todas as despesas não essenciais ao seu trabalho e saúde familiar ( TV a
cabo, celular pós pago, assinaturas de revistas e jornais, etc);
4) Parar
de pagar as faturas e dividas de cartões
e cheque especial já pré existentes e tentar negociar com os credores ( bancos geralmente) ,
desde que você tenha a certeza que tenha a capacidade de pagamento. É
importante assinalar, que a grande maioria dos credores vão querer negociar
depois de algum tempo, e geralmente a custos bem inferiores da divida. Procure
se possível a ajuda de um advogado ou do Procon, e se for o caso, entre na
justiça cível para um acordo judicial;
5) Pare
de usar o carro e até devolva ao credor em casos extremos, se for o caso de um
financiamento. A justiça garante a devolução dos valores pagos;
6) Substitua
seus eventuais empréstimos mais caros por dividas mais em conta em outras
instituições, usando inclusive a portabilidade de crédito, prevista em Lei;
7) Mude
seus hábitos e comportamento financeiros, de forma a quebrar definitivamente
este ciclo de consumo e endividamento de sua vida. Saiba consumir com
inteligência. Poupe, planeje seus sonhos e sempre procure comprar à vista, que
resultará em bons frutos em maior poder de negociação e eliminação definitiva
dos juros em suas contas.
Estes só devem ser usados a seu favor na hora de
escolher bons investimentos.